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Histórico

A Próxima Companhia, núcleo artístico da Cooperativa Paulista de Teatro, nasce em 2014 a partir das inquietações de cinco artistas: Caio Franzolin, Caio Marinho, Gabriel Küster, Juliana Oliveira e Paula Praia. A trajetória dos integrantes se cruza em 2009  quando passam a integrar o Clã - Estúdio das Artes Cômicas. Após cinco anos de formação, trabalhando e desenvolvendo pesquisas com a direção de Cida Almeida, viram-se estimulados a se organizarem em um coletivo autônomo, a procurar outros modos de direção, processos atorais de criação teatral e buscar fixar raízes e interações em um espaço-sede.

A fundação do grupo em 2014 acontece junto a locação de um espaço para desenvolvimento de seu trabalho, acolhimento de atividades de outros coletivos, ações pedagógicas e apresentações. O grupo se fixa na Rua Faustolo número 101 no bairro da Água Branca e durante dois anos manteve sua residência artística neste espaço independente chamado de Galpão 101. Desapropriado em julho de 2016 para a construção da Linha 6 Laranja do Metrô (obra atualmente suspensa). A nova sede d’A Próxima Companhia é situada desde agosto de 2016 na Rua Barão de Campinas, 529 - Campos Elíseos. A atual sede com maior infraestrutura e com um teatro que comporta 50 pessoas, o Espaço Cultural A Próxima Companhia,  possibilitou a ampliação das ações do grupo, recebendo apresentações públicas de diversos coletivos como Cia. do Tijolo, Núcleo Macabéa, Cia Sansacroma, Oficinas, Treinamentos, Ensaios de outros coletivos como Kiwi Companhia de Teatro, Grupo Esparrama, Legítima Defesa, Casa da Tia Siré, cursos e exposições artísticas. Na sede são realizadas as atividades de ensaio, ações pedagógicas, treinamentos, produção, armazenamento de cenário e aprofundamento da pesquisa da companhia, o que também determina as questões que serão desenvolvidas artisticamente pelo grupo.

 

Por sua formação a partir do teatro popular e da linguagem das máscaras, o grupo desenvolveu uma prática teatral que objetiva sobretudo a interlocução com o público. Uma comunicação que se estabelece de forma direta, com a utilização de recursos épicos e/ou cômicos pelos integrantes do grupo e que caracterizam uma unidade de linguagem na pesquisa destes intérpretes. Tais expedientes, herdados da formação e preparação continuada a partir das máscaras teatrais, narratividade e treinamento energético, demonstram uma fluidez e amplitude nos diferentes trabalhos do grupo que abrange intervenções urbanas, ações artístico-pedagógicas, espetáculos infanto-juvenis, adultos, de rua, para espaços alternativos e teatros convencionais, sempre com a criação de uma dramaturgia própria que dialogue com aspectos da realidade que o grupo vivencia.

Neste contexto os processos de criação se iniciam pelo trabalho dos intérpretes do núcleo artístico. O caminho da criação parte de temas sociais do mundo contemporâneo, que motivam os integrantes no sentido de encontrar, por meio da sua linguagem e ofício do teatro, o diálogo e uma forma de tornar públicas certas reflexões com os mais diversos espectadores. Após as primeiras pesquisas teóricas e estéticas, experimentações cênicas iniciais e elaboração de um argumento geral, são convidados outros parceiros para ingressarem nos processos, incluindo-se diretores e dramaturgos que desenvolvam trabalhos que se aproximem da linguagem e/ou temática escolhidas.  

Espetáculos

Conjugado (2023), solo de Paula Praia transita pela poesia presente no cotidiano de tantas mulheres que, apesar das adversidades, produzem vida, alegria e encontros, para refletir sobre temas complexos e delicados do universo feminino, como o aborto, o abandono feminino carcerário, a sexualidade na velhice, o tráfico humano, as vítimas da violência do Estado, mães solo, mulheres em situação de rua, entre outros. Parte das narrativas de diferentes mulheres reais, incluindo experiências vividas pela própria atriz, além de uma intensa pesquisa em material documental, com um recorte especial para mulheres que têm uma renda próxima a um salário-mínimo

Répi Auer (2022), o espetáculo-intervenção é ambientado no “Bar Momentos Felizes” no qual cinco personagens estão em relação direta com o público. As personagens são inspiradas em figuras da vida noturna do centro de São Paulo, que através de canções clássicas presentes na boemia paulistana fazem sua celebração e despedida na última noite no bar que, assim como tantos espaços de festa e diversão da cidade que sucumbiram às dificuldades de permanência, pelo preço do aluguel, proibição do uso da rua, gentrificação, a expulsão de um tipo de modo de vida que “não pode caber mais no bairro".

 

GUERRA (2019), espetáculo do grupo aprofunda a pesquisa do grupo com os territórios e a partir da tragédia de Ésquilo, Sete Contra Tebas, mapeia e investiga sete territórios em disputa no entorno da sede do grupo, traçando as relações entre as Tebas - São Paulo. Espetáculo e pesquisa realizado com apoio da 32ª edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo tem direção de Edgar Castro, dramaturgia de Victor Nóvoa, direção musical de Laruama Alves, cenografia e iluminação de Julio Dojcsar e figurinos de Magê Blanques. 

Enquanto Chão (2017), solo de Caio Franzolin que estreou no SESC Ipiranga em dezembro de 2017. Construída a partir da relação com comunidades em processo de apagamento cultural (Canela, em Palmas - TO e Patrimônio, em Uberlândia - MG) o espetáculo traz à cena uma reflexão sobre o discurso do progresso e a resistência destas comunidades por meio de suas festas e ritos, unindo recursos do Teatro Documentário com a técnica da Mímesis Corpórea do LUME Teatro. Neste trabalho a direção é de Rafaela Carneiro, dramaturgia de Solange Dias, direção Musical de Rani Guerra, orientação de Carminda Mendes André e a colaboração de muitos parceiros e parceiras. Este trabalho foi indicado em duas categorias do Prêmio Aplauso Brasil (2017): Melhor Espetáculo de Grupo e Melhor Dramaturgia.

Quarança (2017), em março de 2017 o grupo estreia com o apoio do prêmio Zé Renato de Teatro, que tem como disparadores da pesquisa a violência contra a mulher e como guia a história de Aracy Guimarães Rosa - uma brasileira que em meio a Alemanha Nazista salva centenas de judeus, possui feitos extraordinários e ainda fora companheira do escritor João Guimarães Rosa, que dedica a obra Grande Sertão Veredas à ela, e que serve de inspiração para o universo poético e ambientação do espetáculo. Para a criação deste trabalho foi convidada para a direção Luciana Lyra, direção musical de Alessandra Leão, cenário e figurinos de Marco Lima.

Os Tr3s Porcos, com estreia em 2015, articulando a história da tradição oral Os Três Porquinhos, o Teatro de Rua e a Linguagem do Palhaço. A temática central da peça é a moradia e a especulação imobiliária - antagonistas do direito à cidade e tão recorrentes nas muitas cidades do Brasil e do mundo. A montagem coloca o Lobo como figura alegórica que sintetiza esse sistema de opressão. Este trabalho conta com a direção de Rafaela Carneiro, dramaturgia de Renato Mendes e direção musical de Luciano Antônio Carvalho. Contemplado em 2018 com o ProAC Circulação de Artes Cênicas para Rua.

A companhia mantém seus espetáculos em repertório e em circulação também os desenvolvidos dentro do núcleo do Clã - Estúdio das Artes Cômicas, como o ÁGUA (2011) com o qual foi contemplado em 2015 com ProAC de Circulação de Espetáculos Infantis e Infanto-juvenis e o espetáculo de máscaras expressivas Reminiscor (2013) sobre memória e ancestralidade. Outra vertente do trabalho do grupo e que dialoga com as questões de relação com o público e os espaços são as Intervenções Artísticas e Urbanas que o grupo desenvolve e tem grande reconhecimento enquanto base de trabalho. Durante o segundo semestre de 2018 A Próxima Companhia proporcionou em sua sede um Laboratório de Palhaço e Intervenção Urbana para compartilhamento da pesquisa já desenvolvida e apontamento de novos caminhos para este trabalho.

 

Além dos espetáculos citados, o grupo realiza e tem por base de suas ações Processos Pedagógicos - em sua sede e fora dela - que geram em sua trajetória diversas oficinas, cursos e treinamentos de outros coletivos, artistas e interessados que também criam novos processos e procedimentos neste trânsito do conhecimento e da experiência e que alimentam e são alimentadas pelos processos criativos.  Um exemplo dessa ação é o ciclo de atividades O Humano e O Urbano um seminário temático que reúne pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, artistas de diversas linguagens, lideranças de movimentos e políticos abordando de forma transversal determinado tema. Com mesas, workshops, exibição de filmes, documentários e apresentações artísticas na sede do grupo e espaços públicos. 

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