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Quarança, fábula dramatúrgica que trança a história de Rosa Ararim, moradora de um lugarejo conhecido como Alereda, onde o sol é insistente e a terra esturricada. Desenhada em caminhos estreitos, numa trama de vida e morte, Alereda está ocupada por um exército de jagunços, liderados pelo temido Sô Déo, e tem suas mulheres violentadas, mortas e, uma a uma, quaradas ao sol, veladas sem lua, extintas carbonizando o chão. Neste contexto, a guerreira Rosa emerge no enfrentamento contra todo este estado falocêntrico de opressão. 

QUARANÇA é uma pesquisa d’A Próxima Companhia em parceria com Luciana Lyra (Unaluna – Pesquisa e Criação em Arte) que está em desenvolvimento há três anos e que em 2016 foi aprovado pelo Prêmio Zé Renato– 4ª edição da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. trata de uma fábula dramatúrgica que parte de um leitmotiv principal: a vida de Aracy Guimarães Rosa, conhecida como o ‘Anjo de Hamburgo’, cidade onde residiu e trabalhou esta mulher durante a Alemanha nazista. Neste período, como secretária do consulado brasileiro, concedeu mais de uma centena de vistos para judeus refugiados da II Guerra Mundial, tornando-se ícone da liberdade e da luta contra a segregação e a violência. Também esposa de João Guimarães Rosa, escritor e cônsul adjunto do Brasil naquele país, Aracy serviu de inspiração para o desenvolvimento de tantas figuras femininas de seus romances, em especial da guerreira Diadorim, de Grande Sertão Veredas.

Foto: Aracy Guimarães Rosa

Além do mito-guia Aracy e seus desdobramentos em Diadorim, QUARANÇA conclui seu tripé de referências aludindo aos depoimentos pessoais das atrizes, no que se relaciona às ações e aos posicionamentos das mulheres no mundo contemporâneo, em especial no que tange às questões acerca da preservação do corpo, da discriminação, do desejo negado.

A pesquisa pretende alcançar, questionar, dialogar e dar voz a inquietações comuns a todos, com um olhar feminista. Desse modo, o processo de criação da peça aponta para um equilíbrio precário entre o fato do espectador se reconhecer nas figuras ali apresentadas e, olhando para as diferenças, na mesma medida vivencie estranheza e identificação.

Este processo artístico tem o intuito de chamar a atenção para questões relacionadas à violência física e moral contra a mulher, apontando a busca pela potência de criação que existe em todos os seres, independente do gênero, masculino ou feminino.  Assim, o diferencial desse processo de investigação cênica e dramatúrgica é a perspectiva de “desromantizar” o mito e a figura da mulher.

A Mandala Cartográfica

A mandala é a exposição plástica e visual do retorno à unidade pela delimitação de um espaço-tempo divino da criação por meio de um caleidoscópio de cores, uma profusão de fragmentos, estabelece o terreno de meditação acerca de todo processo vivenciado. (Luciana Lyra)

Uma curiosidade é a criação de um espaço circular bidimensional dividido em 15 partes, sendo uma para cada movimento do disparo dramatúrgico (prólogo, 13 movimentos, epílogo). Cada uma das atrizes trouxe recortes de fotos, cores e objetos para explicitar em imagens as sensações experienciadas durante o processo de trabalho. A Mandala Cartográfica é uma etapa da criação que alimenta tanto a dramaturgia quanto a parte visual do espetáculo, além de nutrir a cada dia a construção cênica das atrizes-criadoras.

assista algumas referências
 

Sertão Veredas:
https://vimeo.com/161534712

 

Estamira:
https://www.youtube.com/watch?v=KFyYE9Cssuo

O Fim e o princípio:
https://www.youtube.com/watch?v=_VQC51XZ5ow

O papel da mídia na objetificação da mulher:
http://agenciapatriciagalvao.org.br/…/documentario-discute…/

Sobre a loucura, e um holocausto brasileiro:
http://www.dailymotion.com/…/x247d5a_em-nome-da-razao-um-fi…

O resgate do Sagrado feminino:
https://www.youtube.com/watch?v=XdEK0co_Gaw&feature=youtu.be

FICHA TÉCNICA DO PROJETO

Dramaturgia, Encenação e Direção: Luciana Lyra

Assistente de Direção: Stella Garcia

Atrizes-Criadoras: Juliana Oliveira, Lívia Lisbôa e Paula Praia

Vozes em off: Walter Breda (Sô Déo), Caio Marinho, Gabriel Küster, Kerson Formis, Márcio Marconato (Jagunçaria)

Direção Musical: Alessandra Leão

Produção Musical: Missionário José

Músicas:

‘Canto do quarador’: Luciana Lyra (música e letra);

‘A morte chega’: Alessandra Leão (música e letra);

‘Coco de Vó Zana’: Luciana Lyra /Domínio público (música e letra), Alessandra Leão (voz e programação), Missionário José (Sampler);

‘Deslembrei’: Luciana Lyra (música e letra), Isaar (voz) e Alessandra Leão (programação);

‘Redonda’: Luciana Lyra (música e letra), Lívia Mattos (sanfona e voz) e Alessandra Leão (programação);

‘Calunga’: Luciana Lyra (música e letra), Juçara Marçal e Alessandra Leão (vozes) e Alessandra Leão (programação);

‘Cavalgada’: Missionário José (programação).

Cenário e figurinos: Marco Lima

Iluminação: Ari Nagô

Preparação corporal: Gabriel Küster

Oficineiros: Clarissa Neder (tecelagem), Alessandra Leão (musicalidade), Antônio Júnior Siqueira (manipulação de bonecos)

Costureira: Zezé de Castro

Cenotécnico: Zé Valdir Albuquerque

Fotos e Blog: Adriana Nogueira

Design gráfico: Rafael Victor

Equipe técnica de som e luz: Caio Franzolin, Caio Marinho e Gabriel Küster.

Produção: A Próxima Companhia e Radar Cultural Gestão e Projetos

Direção de Produção: Caio Franzolin e Solange Borelli

Núcleo Artístico A Próxima Companhia: Caio Franzolin, Caio Marinho, Gabriel Küster, Juliana Oliveira e Paula Praia.

Atriz colaboradora no processo de criação: Julia Pires

Realização: A Próxima Companhia e Unaluna – Pesquisa e Criação em Arte

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